fonte: O Globo
O Ministério da Saúde anunciou, nesta segunda-feira, dia 12, a inclusão de dez tratamentos como aromaterapia, florais e imposição de mãos no Sistema Único de Saúde (SUS). Essas terapias são chamadas de práticas integrativas e são consideradas complementares aos tratamentos médicos tradicionais. Elas também são usadas como forma de prevenção de doenças como depressão e hipertensão. Até agora, o SUS oferecia 19 práticas deste tipo — entre elas, yoga e acupuntura —, e daqui para frente passa a oferecer 29. Elas não são, porém, reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
As novas opções são apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais (Saiba mais sobre cada uma ao fim do texto).
— Com essas 29 práticas integrativas, o Brasil se torna o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica. Essas práticas são investimento em prevenção na saúde, para evitar que as pessoas fiquem doentes. Precisamos continuar caminhando em direção à promoção da saúde em vez de cuidar apenas de quem fica doente — ressaltou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
A inclusão foi anunciada durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública, no Rio de Janeiro. Terapias deste tipo estão presentes no SUS desde 2006, quando foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Naquele ano, eram ofertados apenas cinco procedimentos: acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo. Em 2017, o ministério ampliou o quadro, oferecendo mais 14 práticas.
Segundo o ministério, todas essas terapias estão presentes em 9.350 estabelecimentos espalhados por 3.173 municípios do país. E, em 88% dos casos, essas práticas são oferecidas em unidades de atenção básica, como clínicas da família.
No ano passado, foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais. Somando-se as atividades coletivas, a estimativa é que cerca de 5 milhões de pessoas por ano participem dessas atividades no SUS.
A acupuntura é a prática mais difundida, com 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais. Em segundo lugar, estão as práticas de medicina tradicional chinesa, como o Tai Chi Chuan, com 151 mil sessões. Em seguida, aparece a auriculoterapia, com 142 mil procedimentos. Também foram registradas 35 mil sessões de yoga, 23 mil de dança circular ou biodança e 23 mil de terapia comunitária.
Segundo nota do Ministério da Saúde, “evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares. Além disso, há crescente número de profissionais capacitados e habilitados e maior valorização dos conhecimentos tradicionais de onde se originam grande parte dessas práticas. No ano passado, foram capacitados mais de 30 mil profissionais”.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece apenas duas das 19 práticas complementares incluídas pelo SUS: a acupuntura e a homeopatia. Para elas, há possibilidade de atuação médica. As outras não podem ser realizadas ou indicadas por médicos, embora o Ministério da Saúde possa incorporá-las — e então elas serão realizadas por outros profissionais da saúde. Ao “Jornal Nacional”, Carlos Vital, presidente do CFM, afirmou considerar um “desperdício” a iniciativa do SUS, já que as terapias anunciadas ontem “não têm resultados cientificamente comprovados”.
A imposição de mãos, por exemplo, que surgiu em 1922 com a técnica do reiki, criada pelo monge budista japonês Mikao Usui, nunca teve sua eficácia validada por um estudo científico.
Presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia, Maria Emília Gadelha, que é otorrinolaringologista de formação, afirma que esta é uma grande conquista. Ela destaca que é importante entender a saúde de forma ampla.
— Oferecer novas formas de cuidado à saúde é algo que afeta diretamente o bem-estar da população. Estamos lutando há mais de 10 anos para a regulamentação da ozonioterapia como mais uma forma de cura de doenças comprovada por estudos científicos. Ela pode ser usada para evitar complicações provocadas pelo diabetes e para tratar inflamações intestinais crônicas e queimaduras, entre outros problemas — diz a médica.
Conheça cada uma das dez novas práticas:
Apiterapia – método em que são aplicados na pele produtos feitos pelas abelhas, como apitoxina, geleia real, pólen, própolis e mel. Tudo com o objetivo de melhorar o sistema imunológico.
Aromaterapia – uso das propriedades aromáticas dos óleos essenciais para promover bem-estar e saúde.
Bioenergética – exercícios e movimentos sincronizados para ativar as energias do corpo.
Constelação familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou de membros da família.
Cromoterapia – utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de harmonizar o corpo.
Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Utilizada em ferimentos, processos de cicatrização, lesões e doenças osteomusuculares.
Hipnoterapia – conjunto de técnicas que, pelo relaxamento, induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite alterar comportamentos indesejados.
Imposição de mãos – tratamento pela imposição das mãos próximo ao corpo do paciente, para transferência de energia. O objetivo é promover o bem-estar e diminuir estresse e ansiedade.
Ozonioterapia – método utiliza o ozônio medicinal, resultado da mistura dos gases oxigênio e ozônio, para fins terapêuticos. Acredita-se que, em contato com o organismo, essa substância melhora a oxigenação e a circulação sanguínea e reduz a dor e a inflamaçã. É usada em odontologia, neurologia e oncologia.
Terapia de Florais – uso de essências florais que modificam certos estados vibratórios. A ideia é auxiliar no equilíbrio e na harmonização do indivíduo.